Frank e Alan eram dois amigos. E isso é o que você precisa saber pra entender essa história. Dois fracassados na vida. E por mais incrível que essa frase possa parecer, eles estão numa festa. Eles não eram muito convidados a nenhuma, mas Frank recebeu um convite de um jornal que ele trabalha escrevendo a coluna social. Provavelmente o colunista social menos conhecido da história dos colunistas sociais. "Permitido levar mais uma pessoa'' era o que estava escrito no bilhete e Frank só conhecia Alan, que tinha uns 20 amigos a mais que Frank, mas não ligava por ele ser esquisito anti-social, até gostava de sair com ele.
- A bebida é boa.
- Alan, a bebida é sempre boa. Vê aquele cara? - Aquele cara era o melhor amigo do chefe - Ele passa o dia bebendo whisky quando devia estar no gabinete de imprensa que é onde ele trabalha.
- As pessoas precisam subir de vida, sabe como é.
- E é evidente o puxa-saquismo.
- É, - Frank falou isso quando tocou com a ponta do dedo a taça de champanhe - é o que se faz pra tomar champanhe de graça.
Frank não conseguia se acostumar com a ideia de tomar champanhe sem engasgar, e tudo correu como planejado. Ele tomou muito rápido, engasgou, derrubou bebida no chão e depois disse a clássica frase:
- Malditas borbulhas no nariz - e foi pro banheiro se secar.
- Acho que não é assim que funciona, Frank!
No banheiro, enquanto Frank estava se secando, eis que entra um descoladinho com roupas apertadas e franja pegando metade da testa. Ele olha para Frank se secando e solta um Oi sério. Os dois agora usam o espelho, o descoladinho arrumando o cabelo e Frank secando a gravata.
- É a maldita coceira no nariz, sabe aquela sensação que da no nariz de deixar a gente maluco? Eu perco o controle.
A reação do descoladinho é a de uma pessoa discretamente comovida. Ele coloca a mão no bolso de traz da calça e entrega um pequeno receptáculo. Frank abre e encontra dentro duas carreirinhas de uma coisa que parecia um pó branco de giz.
Alan agora está conversando com o garçom do buffet da festa. Apesar de ter muitos amigos ele era meio Frank principalmente na parte das ideias malucas que ninguém mais teria. Ele achava que principalmente por isso Frank era seu melhor amigo.
Quando Alan olha pra trás vê Frank chegando andando rápido e com cara de quem vai te falar sobre cada pagina das 2 enciclopédias que leu no banheiro.
Ele olhou pra Alan e disse oi.
- Oi.
- Sabe cara, eu tava lembrando das coisas que a gente já faz juntos, por exemplo, nas coisas boas, claro, algumas esquisitas me vem a mente mas eu tento esquecer e volto a pensar numa boa, como daquela vez que você me viu pelado e depois me confortou dizendo que pra uma anã meu pau poderia ser bem grande, quer dizer, essas coisas as vezes me confundem, mas eu gosto de lembrar delas, entende, é como quando você olha pro relógio as 5:59 da manhã e ele vai tocar as 6:00, te deixa meio confuso mas te da tempo de aproveitar que seu pau ta duro pra bater uma, sabe, até da pra ser aproveitado e...
- Cara? – Ele aponta pro garçom. – Eu estava tentando conversar aqui...
O garçom se retira e Alan volta a falar:
- Aí, ta vendo, ele já saiu, a gente pode voltar a conversar.
- Cara, de onde veio tudo isso? Tipo... Toda essa história de eu ter te visto pelado. Sério? E alias, foi você quem me pediu pra te ver pelado.
- É, cara, eu tava preocupado com aquilo que a minha irmã tinha dito e você sabe o que as mulheres costumam dizer sobre o meu pinto, sabe, eu sei que elas te contam...
- Você fumou quantos baseados depois daquele que a gente fumou na rua de trás?
- Oi?
- Sério cara?
- Eu só fumei aquele, sério mesmo, meu, não tem por que mentir pra você, pó.
- Pó?
- Pô.
- Frank, você fez o que quando disse que ia pro banheiro?
- Porra, eu fui pro banheiro, cara, só isso, sério, não me desviei da rota, fui direto, tinha um cara lá, muito simpático por sinal, ele falou alguma coisa sobre frestas e... Bom, eu não entendi direito, mas ele parecia bem feliz.
- Frestas? De porta?
- Essa é uma boa pergunta.
- O que mais aconteceu?
- Ele me deu uma coisinha, disse que ia fazer me sentir bem, sabe, e está mesmo, parece que eu fiquei mais disposto e tal, é divertido, é boa a sensação.
- O que ele te deu parecia com o que?
Sabe, o Frank era cria de ator de teatro, mal tinha conhecido a maconha ainda, sempre se acabava de rir e se perdia em pensamentos, sabe, ou se acabava de rir porque se perdia em pensamentos ou se perdia em pensamentos porque se acabava de rir, era um ser humano especial.
- Frank, ele te deu pó.
- ISSO é pó? Bom, é uma grande decepção. E uma... Surpresa? Eu nunca imaginei como seria ficar alterado sem ficar retardado.
- E aí está.
- Bom, a bebida é boa.
- A bebida é sempre boa, cara.
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